domingo, 13 de junho de 2010

Quanto custa seu domingo?


Enquanto escrevo-lhes nesta tarde agradável de domingo, não posso deixar de lembrar das muitas pessoas que estão trabalhando. Estas que, já cumpriram anteontem suas horas de labuta previstas por lei. As ditas “horas extra” são teoricamente facultativas, porém, alguns motivos permitem com que os empresários possam contar, regularmente, com mão de obra nos períodos de descanso.
Entre os motivos, tem destaque o endividamento dos operários. Este que é gerado pelo notável desequilíbrio entre os salários e o absurdo custo de vida de uma sociedade de consumo capitalista. Transformando, culturalmente, qualquer atividade em atividade atrelada ao uso de recursos financeiros, inclusive o lazer.
Nesse caso, as horas extra, criam ilusória tranqüilidade, pois, ao mesmo tempo que geram acréscimo na renda familiar, levam a uma redução nos gastos. O problema é que essa tranqüilidade geralmente só se aplica a questão financeira. Isto porque, jornadas estendidas de trabalho geram problemas como: estresse, conflitos familiares, problemas de saúde e uma notável alienação conseqüente da execução de praticamente só um tipo de atividade.
Da perspectiva dos empresários, o uso do labor extraordinário pode parece lucrativo. Pois, nos períodos de maior demanda, evita a necessidade da contratação de mão de obra adicional, que numa provável oscilação da economia, se tornara ociosa. Porém, esta é uma visão superficial, visto que um “colaborador” que enfrenta as dificuldades, já citadas, de uma jornada estendida, quase que fatalmente terá redução visível em sua produtividade, além de, elevar suas chances de sofrer acidente de trabalho. Isto, ainda, não se restringe ao funcionário em questão, pois ele se relaciona com seus colegas, que , podem ser contagiados por seu estado de espirito.
As argumentações apresentadas, levam a crer que os períodos de descanso, tem uma razão de ser. E, também , existe uma necessidade de se desvincular as atividades de lazer, das de consumo, isso quando uma prejudica a outra.

Alguns dos argumentos deste texto devem ser demonstrados através de pesquisas e entrevistas com especialistas. Espero que o grupo concorde comigo que estes devem ser os proximos passos do projeto.

5 comentários:

  1. Achei o texto muito bem escrito, e concordo com grande parte do mesmo.
    Mas fico com uma pulga atrás da orelha: ao falar da alienação e a relação com as ditas horas extras, uma questão me vem à cabeça:
    isso parece um ciclo vicioso, e, pensando no contexto de ciencias sociais APLICADAS, como quebrar com esse paradigma?

    O que é lazer para o pai de família, industrial, com 3 filhos para criar? Qual a visão desse acerca do lazer e do descanso?

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  2. Bom, vou tentar responder de maneira bem sucinta as últimas perguntas do Alexandre.
    Bom, baseado na minha rotina, vou responder que esses trabalhadores acham nos programas de entretenimento da televisão, uma das formas mais aplicáveis de descanso. Meu pai trabalha na Sabesp e freqüentemente trabalha nos fds fazendo hora extra. Quase todas as vezes em que isso ocorre ele fica num estresse que perdura até a outra semana onde consegue folgar, além disso já apresenta por conta de seu trabalho muitas vezes insalubre, desgastes físicos que resultam em no mínimo, fortes dores na coluna. Por conta dessa vida agitada e cheia de dificuldades, ele não tem muito tempo para o lazer e o dinheiro da hora extra acaba por cobrir os gastos médicos, conseqüência do trabalho realizado exaustivamente.
    Quando chega o seu dia de folga, ele não busca formas muito agitadas para se distrair, na maioria das vezes ele prefere ficar em casa dormindo o máximo que puder a fim de recuperar suas energias ou realizar alguma atividade da casa, de vez enquando quando está um pouco mais disposto costumamos ir para o interior para descansar nas cháracas e tal. É isso, para concluir: O lazer para essas pessoas que exercem atividades parecidas com a do meu pai seria basicamente poder descansar, logo procuram lugares calmos ou optam por simplesmente dormir tranquilamente um dia inteiro a fim de recuperar energias perdidas. Acredito que ssa pessoas tenham um acesso mais restrito a atividades culturais ou mais diversificadas por conta desse cansaço, mas se submetem a esse estilo de vida para manter o padrão de vida existente.

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  3. Larissa, mas se o dinheiro ganho com a hora extra cobre as despesas medicas, logo, cortar as horas extras não diminuiria tanto o padrão de vida (no inicio sim um pouco, mas com o passar do tempo, os problemas gerados pela hora extra não mais vão existir).

    Agora, um fato sobre Dinheiro x Padrão de Vida.
    Um professor de cursinho, amigo de um ex-professor meu, ele antigamente trabalhava 5 dias por semana, num ritmo ateh que grande. Hoje, sem nem estar na velhice, trabalha apenas 2 vezes por semana, motivo: no primeiro tempo, ele acumulou dinheiro para comprar um sitio, e agora neste segundo, trabalha apenas para manter seu estilo de vida.
    Ele trilhou um caminho muito diferente da maioria, que visa sempre ganhar ganhar e ganhar mais e mais dinheiro (demandando assim mais e mais e mais trabalho), num ciclo que acaba por minar completamente a vida da pessoa.
    Em suma, o melhor mesmo, é acabar com o sonho bobo de ter uma mercedes (sonho que ja ouvi repetidas vezes de varios amigos meus, soh mudando a marca do carro por outra as vezes mais cara), e viver a vida!

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  4. Claro, o problema é que no caso do meu pai essas horas são obrigatórias, ele ganha a mais, mas não pode recusar o trabalho! E querendo ou não, essa graninha a mais faz mta diferença sim aqui em casa, só não é justo ele ter que se sacrificar para isso, mas aí já é outra história!
    Quanto ao fato exposto: dinheiro x padrão de vida, eu concordo com vc. Também acho que a qualidade de vida deve estar em primeiro lugar, não adianta trabalhar feito um louco a vida inteira e esquecer do mundo a fora, ter um monte de dinheiro e não ter tempo para se divertir com ele,chega a ser irônico e todos nós conhecemos alguém assim, rs. Acho que nesses casos o conforto de toda essa grana acaba se limitando aos filhos, que têm de tudo e mais um pouco, contando apenas com um "probleminha", a ausência dos pais, que aí já não sei dizer se vale tanto a pena!

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  5. Mas e a questão do ciclo vicioso??
    E seguindo o raciocinio de vocês, posso dizer que o trabalho assim como o dinheiro tem o "poder" de classificar com indivíduo??O que nos torna diferentes???

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